quinta-feira, 22 de julho de 2010

Santa Maria Madalena
(22 de julho)

SENTIA O DESEJO ARDENTE DE ENCONTRAR A CRISTO,
QUE JULGAVA TER SIDO ROUBADO



Maria Madalena, tendo ido ao sepulcro, não encontrou o Corpo do Senhor. Julgando que fora roubado, foi avisar aos discípulos. Estes vieram também ao sepulcro, viram e acreditaram no que a mulher lhes dissera. Sobre eles está escrito logo em seguida: Os discípulos voltaram então para casa (J0 20, 10). E depois acrescenta-se: Entretanto, Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando (J0 20, 11).

Este fato leva-nos a considerar quão forte era o amor que inflamava o espírito dessa mulher, que não se afastava do túmulo do Senhor, mesmo depois de os discípulos terem ido embora. Procurava a quem não encontrara, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do seu amor, sentia a ardente saudade daquele que julgava ter sido roubado. Por isso, só ela o viu então, porque só ela o ficou procurando. Na verdade, a eficácia das boas obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade: Quem perseverar até o fim será salvo (Mt 10,22).

Ela começou a procurar e não encontrou nada; continuou a procurar, e conseguiu encontrar. Os desejos foram aumentando com a espera, e fizeram com que chegasse a encontrar. Pois os desejos santos crescem com a demora; mas se diminuem com o adiamento, não são desejos autênticos. Quem experimentou este amor ardente, pôde alcançar a verdade. Por isso afirmou Davi: Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41, 3). Também a Igreja diz no Cântico dos Cânticos: Estou ferida de amor (Ct 5, 8). E ainda: Minha alma desfalece (cf. Ct 5,6).

Mulher, por que choras? A quem procuras? (J0 20, 15). É interrogada sobre o motivo de sua dor, para que aumente o seu desejo e, mencionando o nome de quem procurava, se inflame ainda mais o seu amor por Ele. Então Jesus disse: Maria (J0 20, 16). Depois de tê-la tratado pelo nome comum de mulher sem que ela o tenha reconhecido, chama-a pelo próprio nome. Foi como se lhe dissesse abertamente: Reconhece aquele por quem és reconhecida.
Não é entre outros, de maneira geral, que te conheço, mas especialmente a ti. Maria, chamada pelo próprio nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente exclama: Rabuni, que quer dizer Mestre (J0 20, 16). Era Ele a quem Maria Madalena procurava exteriormente; entretanto, era Ele que a impelia interiormente a procurá-lo.


Das Homilias sobre os evangelhos, de São Gregório Magno, Papa (Séc VI)
Liturgia das Horas III