Santa Catarina de Sena
virgem, e doutora da Igreja
(29 de abril)
Nasceu em
Sena(Itália), em 1347. Ainda adolescente, movida pelo desejo de perfeição,
entrou na Ordem Terceira de São Domingos. Cheia de amor por Deus e pelo
próximo, trabalhou incansavelmente pela paz e concórdia entre as cidades;
defendeu com ardor os direitos e a liberdade do Romano Pontífice e promoveu a
renovação da vida religiosa. Escreveu importantes obras de espiritualidade,
cheias de boa doutrina e de inspiração celeste. Morreu em 1380.
Provei e vi
Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza
divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade
eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e
quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas
de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece
sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te
à luz de tua luz.
Provei e vi em tua luz com a luz
da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua
criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela
inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e
também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito
Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de
amar-te.
Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci –
porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho
– conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.
Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais
poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se
consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és
de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua
luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.
Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está
acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a
Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria.
Porque tu és a própria Sabedoria, tu,o pão dos anjos, que no fogo da caridade
te deste aos homens.
Tu és a veste que cobre minha
nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura
alguma. Ó Trindade eterna!
Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena
Liturgia das Horas