sexta-feira, 12 de outubro de 2012



Viva a Mãe de Deus e nossa!

Neste dia 12  de outubro comemoramos o dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil. A grande maioria do povo brasileiro conhece um pouco de sua história: a pesca milagrosa,  os detalhes de sua imagem, os primeiros milagres,  da primeira capela   à construção da basílica, que em 1980, foi consagrada  pelo beato  João Paulo II, o maior santuário mariano do mundo. Como é lindo  saber cada vez mais dos    testemunhos   de curas e de milagres  alcançados pela  intercessão de Nossa Senhora , revigorando cada vez mais a fé, o  carinho e a devoção  do povo brasileiro!

Escolhida para ser a mãe de Jesus, o Filho de Deus,  dada  como Mãe a todos nós, na pessoa de João aos pés da Cruz, ela nos acompanha de perto... Suas palavras para nós, são as  mesmas que disse aos serventes naquela festa de casamento, quando faltou o vinho:  “Fazei tudo o que ele vos disser” (cf. Jo 2,5) . Quando entendermos  a importância de Maria como aquela que “passa à frente” de tudo em nossas vidas,  acontecerá  conosco  o que o chefe dos serventes disse ao noivo: ...”Mas tu guardaste o vinho melhor até agora.” (cf. Jo 2, 10b)

Aquele que  tem um “encontro pessoal” com Nossa Senhora, com certeza começa a experimentar o vinho novo em sua vida...Os cuidados da Mãe do Céu!  A experiência de ser  levado a Jesus por meio de sua materna intercessão!...

A devoção  a Nossa Senhora da Conceição Aparecida , se iniciou em meio a escravidão no Brasil... Não veio Deus através dessa imagem negra, dizer que “Aquele que o Filho libertar, será verdadeiramente livre?...” (cf. Jo 8, 36)

Como aconteceu ao escravo Zacarias, que ao passar pela  igreja onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora aparecida, pediu  permissão para rezar,  ele se ajoelhou, rezou com fervor, e suas correntes se soltaram  milagrosamente, possamos hoje pedir a Nossa Senhora a libertação das correntes do desamor, da falta de fé, da violência, dos vícios,  das injustiças, de todo pecado!

..."Velai por nossas famílias,
pela infância desvalida, pelo povo brasileiro, Ó Senhora Aparecida!"

Que Nossa Senhora cubra  você e sua família com o Seu manto de amor!... Com carinho e orações...
Gina

quarta-feira, 8 de agosto de 2012


São Domingos
(8 de agosto)

Falava com Deus ou de Deus

Domingos possuía tão grande nobreza de comportamento, e o ímpeto do divino fervor tanto o arrebatavaque, sem dificuldade, era reconhecido como vaso de honra e de graça. Possuía serenidade de espírito extremamente constante,a não ser que a compaixão e a misericórdia a turbassem; e visto que o coração jubiloso alegra o semblante, revelava exteriormente a placidez do homem interior pela benignidade visível e alegria do rosto.Em toda parte, mostrava-se homem evangélico por palavras e atos.

Durante o dia, com os irmãos e companheiros, ninguém mais simples, ninguém mais agradável. À noite, ninguém mais vigilante, nem mais insistente de todos os modos na oração. Falava raramente; vivia com Deus na oração, e sobre isto exortava seus irmãos.Havia um pedido a Deus que lhe era freqüente e especial: que lhe concedesse a verdadeira caridade, eficaz em atender e em favorecer a salvação dos homens.


Assim fazia porque julgava que só seria verdadeiramente um bom membro de Cristo, quando se entregasse totalmente à salvação dos homens, como o Salvador de todos, o Senhor Jesus, que se ofereceu todo para nossa salvação. Para este fim, após madura e demorada deliberação, fundou a Ordem dos Frades Pregadores.

Exortava constantemente por palavras e por escrito os irmãos desta Ordem a que sempre se aplicassem ao Novo e ao Antigo Testamento. Trazia sempre consigo o evangelho de Mateus e as epístolas de São Paulo; lia-os tanto, a ponto de sabê-los quase de cor.


Por duas ou três vezes, eleito bispo, recusou sempre, preferindo viver na pobreza com os irmãos a possuir um episcopado. Guardou ilibada até o fim a limpidez de sua virgindade. Desejava ser flagelado, ser cortado em pedaços e morrer pela fé cristã. Dele afirmou Gregório IX: “Conheci um homem, que seguiu em tudo o modo de vida dos apóstolos; não há dúvida de que esteja unido nos céus à glória dos mesmos apóstolos”.


Oremos: Ó Deus, que os méritos e ensinamentos de São Domingos venham em socorro da vossa Igreja, para que o grande pregador da vossa verdade seja agora nosso fiel intercessor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

De escritos diversos da História da Ordem dos Pregadores
 (Séc.XIII) 
Liturgia das Horas

segunda-feira, 2 de julho de 2012


O poder do Sangue de Cristo

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte. Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.

(Das Catequeses de São João Crisóstomo)

veja um pouco mais sobre o Precioso Sangue de Jesus no link:  http://trovatogina.blogspot.com.br/2010/07/chagas-abertas-coracao-ferido.html

sábado, 23 de junho de 2012


Nascimento de São João Batista
(24 de junho)

Voz que clama no deserto 

A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a soubermos dar tão bem, como exige a importância desta solenidade, pelo menos meditemos nela mais frutuosa e profundamente. João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem.

O pai de João não acredita que ele possa nascer e fica mudo; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé. Eis o assunto que quisemos meditar e prometemos tratar. E se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande mistério, por falta de aptidão ou de tempo, aquele que fala dentro de vós, mesmo em nossa ausência, vos ensinará melhor. Nele pensais com amor filial, a Ele recebestes no coração, Dele vos tornastes templos.

João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A lei e os profetas até João Batista (Lc 16, 16). Ele representa o antigo e anuncia o novo. Porque representa o Antigo Testamento, nasce de pais idosos: porque anuncia o Novo Testamento, é declarado profeta ainda estando nas entranhas da mãe.

Na verdade, antes mesmo de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Antes de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele. Tudo isto são coisas divinas, que ultrapassam a limitação humana. Por fim, nasce. Recebe o nome e solta-se a língua do pai. Relacionemos o acontecido com o simbolismo de todos estes fatos.

Zacarias emudece e perde a voz até o nascimento de João, o precursor do Senhor; só então recupera a voz. Que significa o silêncio de Zacarias? Não seria o sentido da profecia que, antes da pregação de Cristo, estava, de certo modo, velado, oculto, fechado? Mas com a vinda daquele a quem elas se referiam, tudo se abre e torna-se claro. O fato de Zacarias recuperar a voz no nascimento de João tem o mesmo significado que o rasgar-se o véu do templo, quando Cristo morreu na Cruz.

Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se a língua, porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: Quem és tu? (J0 1, 19). E ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto (J0 1, 23). João é a voz; o Senhor, porém, no princípio era a Palavra (J0 1, 1). João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.


Dos sermões de Santo Agostinho, bispo      (Séc V)
 Liturgia das Horas   III

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Corpus Christi

A Festa de “Corpus Christi” é a celebração em que solenemente a Igreja comemora o Santíssimo Sacramento da Eucaristia; sendo o único dia do ano que o Santíssimo Sacramento sai em procissão às nossas ruas. Nesta festa os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento e remédio de nossa alma. A Eucaristia é fonte e centro de toda a vida cristã. Nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo.

 A Festa de Corpus Christi  surgiu no séc. XIII, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, (†1258) que recebia visões nas quais o próprio Jesus lhe pedia uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia. 

Aconteceu que quando o padre Pedro de Praga, da Boêmia, celebrou uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena, Itália, ocorreu um milagre eucarístico: da hóstia consagrada começaram a cair gotas de sangue sobre o corporal após a consagração. Dizem  que isto ocorreu porque o padre teria duvidado da presença real de Cristo na Eucaristia.  O Papa Urbano IV (1262-1264), que residia em Orvieto, cidade próxima de Bolsena, onde vivia S. Tomás de Aquino, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto. Isso foi feito em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”. 

Em 11/08/1264 o Papa aprovou a Bula “Transiturus de mundo”, onde  prescreveu que na 5ª feira após a oitava de Pentecostes, fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. O Papa era um arcediago de Liège e havia conhecido a Beata Cornilon e havia percebido  a luz sobrenatural  que a iluminava e a sinceridade de seus apelos. Em 1290 foi construída a belíssima Catedral de Orvieto, em pedras pretas e brancas,  chamada de  “Lírio das Catedrais”.

 Antes disso, em 1247, realizou-se a primeira procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e depois, então, em todo o mundo no séc. XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.   Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.  Em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo.  

Amados, nessa procissão, que é a mais importante do ano,  podemos também  fazer como aquele cego em Jericó, que ao saber que era Jesus que passava, clamou: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!...” e durante todo o trajeto, podemos apresentar a Jesus com muita fé, as nossas necessidades... Que a solenidade deste dia nos renove a fé em  Jesus Sacramentado, o nosso Deus amado!

Com carinho e orações...
Gina Trovato

domingo, 3 de junho de 2012

Luz, esplendor e graça na Trindade e da Trindade

 Não devemos perder de vista a tradição, a doutrina e a fé da Igreja católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram. De fato, a tradição constitui o alicerce da Igreja, e todo aquele que dela se afasta deixa de ser cristão e não merece mais usar este nome.

Ora, a nossa fé é esta: cremos na Trindade santa e perfeita, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo; nela não há mistura alguma de elemento estranho; não se compõe de Criador e criatura; mas toda ela é potência e força operativa; uma só é a sua natureza, uma só é a sua eficiência e ação. O Pai cria todas as coisas por meio do Verbo, no Espírito Santo; e deste modo, se afirma a unidade da Santíssima Trindade.

 Por isso, proclama-se na Igreja um só Deus, que reina sobre tudo, age em tudo e permanece em todas as coisas (cf. Ef 4,6). Reina sobre tudo como Pai, princípio e origem; age em tudo, isto é, por meio do Verbo; e permanece em todas as coisas no Espírito Santo.

São Paulo, escrevendo aos coríntios acerca dos dons espirituais, tudo refere a Deus Pai como princípio de todas as coisas, dizendo: Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos (lCor 12,4-6).

Os dons que o Espírito distribui a cada um vêm do Pai por meio do Verbo. De fato, tudo o que é do Pai é do Filho; por conseguinte, as graças concedidas pelo Filho, no Espí­rito Santo, são dons do Pai. Igualmente, quando o Espírito está em nós, está em nós o Verbo, de quem recebemos o Espírito; e, como o Verbo, está também o Pai.

Assim se cumpre o que diz a Escritura: Eu e o Pai viremos a ele e nele faremos a nossa morada (Jo 14,23). Pois onde está a luz, aí também está o esplendor da luz; e onde está o esplendor, aí também está a sua graça eficiente e esplendorosa.

São Paulo nos ensina tudo isto na segunda Carta aos coríntios, com as seguintes palavras: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós (2Cor 13,13). Com efeito, toda a graça que nos é dada em nome da Santíssima Trindade, vem do Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.

Assim como toda a graça nos vem do Pai por meio do Filho, assim também não podemos receber nenhuma graça senão no Espírito Santo. Realmente, participantes do Espírito Santo, possuí­mos o amor do Pai, a graça do Filho e a comunhão do mesmo Espírito.


Das Cartas de Santo Atanásio, bispo (Séc. IV)
Liturgia das Horas
  

quinta-feira, 24 de maio de 2012


O envio do Espírito Santo

Ao dar a seus discípulos poder para que fizessem os homens renascer em Deus, o Senhor lhes disse: Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19).Deus prometera, por meio dos profetas, que nos últimos tempos derramaria o seu Espírito sobre os seus servos e servas para que recebessem o dom da profecia.

Por isso, o Espírito Santo desceu sobre o Filho de Deus, que se fez Filho do homem, habituando-se com ele a conviver com o gênero humano, a repousar sobre os homens e a morar na criatura de Deus. Assim renovava os homens segundo a vontade do Pai, fazendo-os passar da sua antiga condição para a vida nova em Cristo. São Lucas nos diz que esse Espírito, depois da ascensão do Senhor, desceu sobre os discípulos no dia de Pentecostes, com o poder de dar a vida nova a todos os povos e de fazê-los participar da Nova Aliança. Eis por que, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações.

Foi por isso que o Senhor prometeu enviar o Paráclito, que os tornaria capazes de receber a Deus. Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto.

Com efeito, nossos corpos receberam, pela água do batismo, aquela unidade que os torna incorruptíveis; nossas almas, porém, a receberam pelo Espírito. O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus (Is 11,2). É este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando do céu o Paráclito sobre toda a terra, daquele céu de onde também Satanás caiu como um relâmpago (cf. Lc 10,18).

Por esse motivo, temos necessidade deste orvalho da graça de Deus para darmos fruto e não sermos lançados ao fogo, e para que também tenhamos um Defensor onde temos um acusador. Pois o Senhor confiou ao Espírito Santo o cuidado da sua criatura, daquele homem que caíra nas mãos dos ladrões e a quem ele, cheio de compaixão, enfaixou as feridas e deu dois denários reais. Tendo assim recebido pelo Espírito a imagem e a inscrição do Pai e do Filho, façamos frutificar os dons que nos foram confiados e os restituamos multiplicados ao Senhor.


Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo
Liturgia das Horas

domingo, 15 de abril de 2012


Festa da Divina Misericórdia
(2º Domingo da Páscoa)

A Festa da Misericórdia é desejo do próprio coração do Senhor: “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Neste dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças.

Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa” (Diário  699);  “Desejo conceder  indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a santa comunhão na Festa da Minha misericórdia” (Diário 1109).

Jesus  escolheu Santa Faustina, polonesa,  da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia,  para transmitir à Igreja e ao mundo a mensagem da Divina Misericórdia: "Tua tarefa é escrever tudo que te dou a conhecer sobre a Minha misericórdia para o proveito das almas, as quais lendo estes escritos, experimentarão consolo na alma e terão coragem de se aproximar de mim. (n° 1693)."Secretária do Meu mais profundo mistério" , foi o título dado por Jesus à Santa Maria Faustina Kowalska. Uma de suas primeiras revelações, diz respeito à Festa da Misericórdia: 


“A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na Terra a misericórdia para o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação, enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a Festa da Misericórdia. Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável misericórdia. Faço-te dispensadora da Minha misericórdia. Diz ao teu confessor que aquela Imagem deve ser exposta na igreja, e não dentro da clausura desse Convento. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (D. 570); “O meu olhar dessa Imagem é  como o olhar na cruz” (D. 326).


Jesus  lhe pede que esta Festa seja preparada espiritualmente, com a oração do Terço da Misericórdia, durante nove  dias, iniciando na Sexta-feira Santa para concluí-la na Vigília do domingo posterior à Páscoa. E a cada dia da  novena, Jesus mesmo pede uma intenção particular, sempre acrescida de uma invocação dirigira à misericórdia do Coração de Jesus. E fez à Santa Faustina esta promessa:

 "Desejo que durante estes nove dias tu conduzas as almas à fonte da Minha misericórdia, a fim de  que recebam força, alívio e todas as graças a elas necessárias nas fadigas da vida, mas especialmente na hora da morte. Em cada dia conduzirás ao meu coração um diferente grupo de almas e as  imergirás no oceano da Minha misericórdia. Eu introduzirei todas as almas na casa do meu Pai. Realizarás esta tarefa nesta vida e na futura. Por Minha parte, nada negarei a nenhuma daquelas almas que tu conduzirás à fonte da Minha misericórdia. Todos os dias pedirás, ao meu Pai, pela Minha amarga Paixão, graças para estas almas" (Diário 1209).

“Minha filha, delícia de predileção Minha, nada Me impedirá de te conceder graças. A tua miséria não perturba a Minha Misericórdia. Minha filha, escreve que quanto maior a miséria da alma, tanto mais direito tem à Minha misericórdia, e estimula todas as almas à confiança no inconcebível abismo da Minha misericórdia, porque desejo salvá-las todas. A fonte da Minha misericórdia foi na cruz aberta com a lança para todas as almas, não excluí a ninguém” (Diário 1182).

Queridos irmãos e irmãs, nesse dia e sempre, proclamemos com grande alegria como o salmista:  “Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque é eterna é a sua misericórdia!...”
Que Jesus Misericordioso abençoe você e toda sua família!...

Jesus, eu confio em Vós!

terça-feira, 10 de abril de 2012


Cristo Ressuscitado é a esperança 
de todos os que creem

Cristo, esperança de todos os que creem, ao dizer: O nosso amigo Lázaro dorme (J0 11,11), chama  adormecidos e não mortos os que partem deste mundo. Também o santo Apóstolo Paulo não quer que nos entristeçamos a respeito dos que já adormeceram, porque a fé nos assegura que todos os que creem no Cristo, segundo a palavra do Evangelho, não morrerão para sempre. Sabemos, pela fé, que Ele não está morto e nós também não morreremos.

Com efeito, o Senhor mesmo, quando for dada a ordem, à voz do arcanjo e ao sem da trombeta divina, descerá do céu e os que Nele tiverem morrido ressuscitarão (cf. I Ts 4, 16).Que a esperança da ressurreição nos anime, pois os que perdemos neste mundo tornaremos a vê-los no outro; basta para isso crermos no Senhor com verdadeira fé, obedecendo aos seus mandamentos.

Para Ele, Todo-Poderoso, é mais fácil despertar os mortos que acordamos nós os que dormem. Dizemos estas coisas e, no entanto, levados não sei por que sentimento, desfazemo-nos em lágrimas e a saudade nos perturba a fé. Como é miserável a condição humana e nossa vida sem Cristo torna-se sem sentido!

Ó morte, que separas os casados e, tão dura e cruelmente, separas também os amigos! Mas teu poder já está esmagado! Teu domínio impiedoso foi aniquilado por Aquele que te ameaçou com o brado de Oséias: Ó morte, eu serei a tua morte! ( Os 13,14 ). Nós também podemos desafiar-te com as palavras do Apóstolo: Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? (I Cor 15, 55).

Quem te venceu nos resgatou, Ele que entregou sua amada vida às mãos dos ímpios, para fazer dos ímpios seus amigos. São inúmeras e várias as expressões da Sagrada Escritura que nos podem consolar a todos. Basta-nos, porém, a esperança da ressurreição e termos os olhos fixos na glória de nosso Redentor. Pela fé já nos consideramos ressuscitados com Ele, conforme diz o Apóstolo: Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele ( Rm 6, 8).

Já não nos pertencemos, mas somos Daquele que nos redimiu. Nossa vontade deve sempre depender da Sua. Por isso dizemos ao rezar: Seja feita a Vossa vontade ( Mt 6, 10). Pela mesma razão, devemos dizer como Jó, quando choramos alguém que morreu: O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o Nome do Senhor (Jó 1, 21). Façamos nossas estas palavras dele, a fim de que, aceitando como ele a vontade do Senhor, alcancemos um dia semelhante recompensa.

Das Cartas de São Bráulio de Saragoça, bispo  (Séc VII)
Liturgia das Horas   III


segunda-feira, 26 de março de 2012


 Faça-se em mim, Senhor!

Na história da nossa salvação, na  Sagrada Escritura,   encontramos por algumas  vezes,  o  “Faça-se”:

O primeiro, na criação do mundo: “Deus disse: ‘Faça-se a luz!’” (Gen1, 3).
O segundo, na Anunciação do Arcanjo Gabriel  a Maria: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1, 38).
O terceiro ‘faça-se’ é pronunciado por  Jesus  em Sua agonia  no monte das Oliveiras: “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça todavia, a minha vontade, mas sim a tua.” (Lc 22,42)

O quarto faça-se, é necessário que seja o nosso, nos entregando totalmente nas mãos de Deus: “Faça o Seu querer  em minha vida  Senhor, diante de todas as situações...”
Santo Afonso Maria de Ligório, dizia que o segredo da santidade é fazer o que Deus quer, e querer o que Deus faz!

Que o Espírito Santo  derrame docilidade em nossos corações, a fim de que possamos nos entregar, e deixarmos o Senhor conduzir  tudo em nossas vidas, de acordo com Sua vontade!...

 Deus te abençoe e te dê a Sua paz!
Com carinho e orações...
Gina




domingo, 18 de março de 2012

São José
(19 de março)

"Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor 
tinha mandado e acolheu sua esposa." (Mt 1, 24)

Estas palavras do Evangelho nos mostram a  atitude de  José em relação à vontade divina que lhe foi manifestada pelo mensageiro do Senhor. Esta vontade era que ele, José, fosse o esposo de Maria e, fizesse as vezes de pai sobre a terra para o Verbo de Deus encarnado. José FEZ, isto é, acolheu o que Deus queria para ele, e, empenhou-se decididamente com todas as forças no cumprimento da missão que o Senhor lhe confiara.

Nos evangelhos não encontramos nenhuma palavra de José. O seu SIM Deus, que encontrou-se com o SIM de Maria e colocou-se como o dela a serviço do Mistério da Encarnação, foi um Sim silencioso, humilde, obediente, cheio de fé.


O Beato Papa João Paulo II,  sobre a Figura e Missão de São José na Vida de Cristo e da Igreja, nos fala que "no decorrer da sua vida, que foi uma peregrinação na fé, José, como Maria, permaneceu fiel até ao fim no chamamento de Deus. A vida de Maria foi o cumprimento até as últimas conseqüências daquele primeiro fiat (faça-se) pronunciado no momento da anunciação; ao passo que José não proferiu palavra alguma, quando da sua 'anunciação': 'fez como o anjo do Senhor lhe ordenara' (Mt 1, 24).


Este primeiro 'fez' tornou-se o princípio da 'caminhada de José'. Ao longo desta caminhada, os evangelhos não registram palavra alguma que ele tenha dito. Mas esse silêncio de José nos fala claramente: graças a tal atitude, pode captar-se perfeitamente a verdade contida no juízo que dele nos dá o Evangelho: o 'justo'(Mt 1, 19).”


Queridos irmãos e irmãs, todos nós podemos assumir a mesma atitude de São José diante do plano de Deus para nossas vidas —  com obediência, humildade e fé! E para isso, com muita alegria, contemos com a sua  especial intercessão:

“Ó São José, comunicai-nos vosso amor ardente e terno por Jesus...”
Valei-nos São José!...


Veja mais sobre São José no link:  http://trovatogina.blogspot.com.br/2011/03/sao-jose-19-de-marco-guarda-fiel-e.html

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Conversão de São Paulo, Apóstolo
(25 de janeiro)

Por amor de Cristo, Paulo tudo suportou

O que é o homem, quão grande é a dignidade da nossa natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o demonstrou mais do que qualquer outro. Cada dia ele
subia mais alto e se tornava mais ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos que o ameaçavam. É o que depreendemos de suas próprias palavras: Esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente (cf. Fl 3,13).

Percebendo a morte iminente, convidava os outros a comungarem da sua alegria, dizendo: Alegrai-vos e congratulai-vos comigo (Fl 2,18). Diante dos perigos, injúrias e opróbrios, igualmente se alegra e escreve aos coríntios: Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições (2Cor 12,10); porque sendo estas, conforme declarava, as armas da justiça, mostrava que delas lhe vinha um grande proveito.

Realmente, no meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias triunfando de todos os seus assaltos. E em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus, gloriava-se e dava graças a Deus, dizendo: Graças sejam dadas a Deus que nos fez sempre triunfar (2Cor 2,14).

Por isso, corria ao encontro das humilhações e das ofensas que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós quando nos apressamos para alcançar o prazer das honrarias; aspirava mais pela morte do que nós pela vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho.

 Uma só coisa o amedrontava e fazia temer: ofender a Deus. E uma única coisa desejava: agradar a Deus. Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os bens; com isto julgava-se o mais feliz dos homens; sem isto, de nada lhe valia ser amigo dos senhores e poderosos. Com este amor preferia ser o último de todos, isto é, ser contado entre os réprobos, do que encontrar-se no meio de homens famosos pela consideração e pela honra, mas privados do amor de Cristo.

Para ele, o maior e único tormento consistia em separar-se de semelhante amor; esta era a sua geena, o seu único castigo, o infinito e intolerável suplício. Em compensação, gozar do amor de Cristo era para ele a vida, o mundo, o anjo, o presente, o futuro, o reino, a promessa, enfim, todos os bens. Afora isto, nada tinha por triste ou alegre. De tudo o que existe no mundo, nada lhe era agradável ou desagradável.

 Não se importava com as coisas que admiramos, como se costuma desprezar a erva apodrecida. Para ele, tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram como mosquitos. Considerava como brinquedo de crianças os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, desde que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.

São João Crisóstomo   (Séc.IV)
Liturgia das Horas

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

São Francisco de Sales
(24 de janeiro)

Patrono dos Jornalistas e dos Escritores Católicos

Francisco era o primogênito entre 13 irmãos. Por devoção dos pais, que eram de origem nobre, recebeu o nome do santo de Assis, o qual escolheu mais tarde como patrono e guia. Doutorou-se em direito civil e eclesiástico. Para  a surpresa e desgosto da família, escolheu a vida religiosa. Ordenado sacerdote, recebeu do bispo a missão de reconduzir à fé católica os protestantes próximos de Genebra, de onde mais tarde, seria bispo.

Como a hostilidade era grande, ele começou a evangelizar através de folhetos nos quais combatia as heresias e com simplicidade explicava as verdades da fé, bem fundamentadas na bíblia. Completava seu trabalho com palestras, diálogos pacientes e respeitosos. São Francisco de Sales converteu assim milhares de hereges e indiferentes à prática da fé católica. Um de seus lemas era: “a medida de amar a Deus é amá-lo sem medida.”

Foi um homem bondoso que soube manifestar a misericórdia e a paciência de Deus a  quantos encontrava:  “Se erro, prefiro que seja por excesso de bondade que por demasiado rigor” —Nesta afirmação está o segredo da simpatia que São Francisco de Sales desfrutava de seus conterrâneos. Sua influência moral e religiosa foi marcante no seu tempo, conturbado por perseguições e intrigas entre católicos e protestantes.

 Sua tão conhecida mansidão era fruto de muitos esforços e fadigas. Certa vez disse: “Vocês querem que eu perca num quarto de hora aquele pouco de mansidão que adquiri em vinte anos de lutas?”

Com simplicidade formava as pessoas para a oração: “Deves prostrar-se —dizia ele— diante de Deus, e permanecer ali aos Seus pés... Ele compreenderá, através desse comportamento humilde, que tu lhe pertences e que tens necessidade da Sua ajuda, mesmo que não possas falar.”

Oremos: Deus, nosso Pai, São Francisco de Sales testemunhou  com a sua vida que sois um Deus de ternura e de misericórdia. Realizastes nele coisas maravilhosas, corrigindo as arestas de seu temperamento explosivo.Por sua intercessão; nós vos pedimos: enviai sobre nós o vosso Santo Espírito. Que Ele nos ensine a ternura e a misericórdia e nos chame à reconciliação e à comunhão convosco e com nossos irmãos. Que o seu fogo de amor, arranque nossas máscaras e faça cair por terra nossos planos egoístas, obrigando-nos a sair de nossas fortalezas interiores, de nossas falsas seguranças. Que as cadeias de nosso egoísmo e indiferença sejam rompidas; Vosso amor impere em nossos corações e nos torne amáveis com todas as pessoas, especialmente aquelas que convivem dia a dia conosco. Amém.