terça-feira, 10 de abril de 2012


Cristo Ressuscitado é a esperança 
de todos os que creem

Cristo, esperança de todos os que creem, ao dizer: O nosso amigo Lázaro dorme (J0 11,11), chama  adormecidos e não mortos os que partem deste mundo. Também o santo Apóstolo Paulo não quer que nos entristeçamos a respeito dos que já adormeceram, porque a fé nos assegura que todos os que creem no Cristo, segundo a palavra do Evangelho, não morrerão para sempre. Sabemos, pela fé, que Ele não está morto e nós também não morreremos.

Com efeito, o Senhor mesmo, quando for dada a ordem, à voz do arcanjo e ao sem da trombeta divina, descerá do céu e os que Nele tiverem morrido ressuscitarão (cf. I Ts 4, 16).Que a esperança da ressurreição nos anime, pois os que perdemos neste mundo tornaremos a vê-los no outro; basta para isso crermos no Senhor com verdadeira fé, obedecendo aos seus mandamentos.

Para Ele, Todo-Poderoso, é mais fácil despertar os mortos que acordamos nós os que dormem. Dizemos estas coisas e, no entanto, levados não sei por que sentimento, desfazemo-nos em lágrimas e a saudade nos perturba a fé. Como é miserável a condição humana e nossa vida sem Cristo torna-se sem sentido!

Ó morte, que separas os casados e, tão dura e cruelmente, separas também os amigos! Mas teu poder já está esmagado! Teu domínio impiedoso foi aniquilado por Aquele que te ameaçou com o brado de Oséias: Ó morte, eu serei a tua morte! ( Os 13,14 ). Nós também podemos desafiar-te com as palavras do Apóstolo: Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? (I Cor 15, 55).

Quem te venceu nos resgatou, Ele que entregou sua amada vida às mãos dos ímpios, para fazer dos ímpios seus amigos. São inúmeras e várias as expressões da Sagrada Escritura que nos podem consolar a todos. Basta-nos, porém, a esperança da ressurreição e termos os olhos fixos na glória de nosso Redentor. Pela fé já nos consideramos ressuscitados com Ele, conforme diz o Apóstolo: Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele ( Rm 6, 8).

Já não nos pertencemos, mas somos Daquele que nos redimiu. Nossa vontade deve sempre depender da Sua. Por isso dizemos ao rezar: Seja feita a Vossa vontade ( Mt 6, 10). Pela mesma razão, devemos dizer como Jó, quando choramos alguém que morreu: O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o Nome do Senhor (Jó 1, 21). Façamos nossas estas palavras dele, a fim de que, aceitando como ele a vontade do Senhor, alcancemos um dia semelhante recompensa.

Das Cartas de São Bráulio de Saragoça, bispo  (Séc VII)
Liturgia das Horas   III