terça-feira, 29 de junho de 2010


SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS
(29 de junho)
Estes mártires viram o que pregaram

O martírio dos santos apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia. Não falamos de mártires desconhecidos. “Sua voz ressoa e se espalha em toda a terra, chega aos confins do mundo a sua Palavra” (Sl 18, 5). Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade.

São Pedro, o primeiro dos apóstolos, que amava Cristo ardentemente, mereceu escutar: “Por isso eu te digo que tu és Pedro” (Mt 16, 19). Antes, ele havia dito: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16). E Cristo retorquiu: “Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei minha Igreja” (Mt 16, 18).

Sobre esta pedra construirei a fé que haverás de proclamar. Sobre a afirmação que fizeste: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, construirei a minha Igreja. Porque tu és Pedro. Pedro vem de pedra; não é pedra que vem de Pedro. Pedro vem de pedra, como cristão vem de Cristo.

Como sabeis, o Senhor Jesus, antes de sua paixão, escolheu alguns discípulos, aos quais deu o nome de apóstolos. Dentre estes, somente Pedro mereceu representar em toda parte a personalidade da Igreja inteira. Por que sozinho representava a Igreja inteira, mereceu ouvir estas palavras: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus” (Mt 16, 19).

Na verdade, quem recebeu estas chaves não foi um único homem, mas a Igreja una. Assim manifesta-se a superioridade de Pedro, que representava a universalidade e a unidade da Igreja, quando lhe foi dito: “Eu te darei”. A ele era atribuído pessoalmente o que a todos foi dado.

Com efeito, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus, ouvi o que, em outra passagem, o Senhor diz a todos os seus apóstolos: “Recebei o Espírito Santo”. E em seguida: “A quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhe serão retidos” ( J0 20, 22-23).

No mesmo sentido, também depois da ressurreição, o Senhor entregou a Pedro a responsabilidade de apascentar suas ovelhas. Não que dentre os outros discípulos só ele merecesse pastorear as ovelhas do Senhor; mas quando Cristo fala a um só, quer, deste modo, insistir na unidade da Igreja. E dirigiu-se a Pedro, de preferência aos outros, porque, entre os apóstolos, Pedro é o primeiro.

Não fiques triste, ó apóstolo!Responde uma vez, responde uma segunda, responde uma terceira vez. Vença por três vezes a tua profissão de amor, já que por três vezes o temor venceu a tua presunção. Desliga por amor o que ligaste por temor. E assim, o Senhor confiou suas ovelhas a Pedro, uma, duas, e três vezes.

Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois apóstolos.


Dos sermões de Santo Agostinho, bispo
Retirado da Liturgia das Horas III

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